Oi!
Não é mais uma história desconhecida.
Todos os brasileiros acompanham o drama e o imenso amor do maestro João Carlos Martins.
Ele tem na sua vida uma verdadeira história de superação.
Em sua homenagem, transcrevo parte de sua história.
Tive o prazer de vê-lo regendo e me emocionei profundamente!
O amor dele em fazer isso, transparece no seu semblante e em cada gesto.
Ele merece todas as homenagens que possam lhe render...
Se contássemos a história de João Carlos Martins numa mesa de bar, ninguém acreditaria.
Um bebê que nasceu em 25 de junho de 1940, com cinco quilos e seiscentos gramas tinha tudo para ser grande, forte e saudável. Porém, o acaso tirou o maior conhecedor das obras de J. S. Bach, compositor clássico do século XVII, do piano.
O destino não demorou a colocar o primeiro obstáculo no caminho desse paulistano. Aos cinco anos de idade, João Carlos Martins fez uma cirurgia para retirada de um cisto no pescoço. A operação foi mal sucedida e as sequelas persistiram por longos dois anos.
Superado o primeiro problema, de uma vida que seria atribulada, João começou a ter aulas de piano ainda menino. Em apenas duas semanas, o menino já dominava a clave de sol e de fá. Foi o começo de uma carreira de sucesso que o levou aos melhores teatros do mundo.
Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach e ele venceu seu primeiro desafio de tantos outros que estavam por vir.
Aos 11 anos, já estudava piano por seis horas diárias. Sempre buscou a perfeição para se tornar um verdadeiro intérprete. Um amor tão grande pela música, uma dedicação tão intensa e meritória de admiração e respeito.
João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano, quando teve um nervo rompido e perdeu o movimento da mão direita em um acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque
Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas em 1985 descobre sofrer de LER (lesão por esforço repetitivo) e interrompeu, novamente, sua carreira por oito anos. Dessa vez acreditou que seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico.
Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas.
Utilizou-se da mão esquerda para suas peças e obteve extremo sucesso com esta atitude. No entanto, não demorou muito e Martins foi acometido por uma nova fatalidade.
Durante o festival de Berlim de 1966, o músico foi operado do apêndice. Em seguida, para completar o azar, foi diagnosticado com uma embolia pulmonar. Foram 15 dias entre a vida e a morte, e dois meses no hospital. Mas ele ainda voltou. Voltou para parar em 1970, quando as dores na mão direita não davam trégua e acabaram interrompendo a carreira do pianista mais famoso do Brasil.
Martins voltou à música em 1993 para completar a gravação da Integral de Bach. Recomeçando assim a carreira de sucesso nos Estados Unidos. Mas, por um acaso do destino, é assaltado e agredido fisicamente na Bulgária, fato que o levou a perder totalmente os movimentos da mão direita.
Persistente, ele começou a fazer consertos somente com a mão esquerda. Mas eis que veio o último golpe e um tumor benígno, na mão esquerda, o impediu totalmente de tocar.
Sem agilidade, em 1998 encerrou sua carreira em Londres, antes de passar por mais uma cirurgia na mão direita. Mas João Carlos Martins é forte e em 2000 conseguiu voltar ao piano, tocando apenas com a mão esquerda. Mas a força do pianista ainda iria ser testada mais uma vez.
Dois anos depois, ele descobre, em Paris, que sofre de uma doença chamada Contratura de Dupuytren, a mesma que acometeu Leonardo da Vinci. As duas mãos ficaram comprometidas
João perdeu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o estilo e maestria de antigamente.
Vamos ao ano de 2003, quando Martins decide estudar regência. Nesse ano ele fez outra cirurgia e ouviu dos médicos que nunca mais tocaria piano. Aos 63 anos, então, começou a estudar regência com o maestro Júlio Medaglia. Seis meses depois já estava gravando Bach com seus músicos.
“Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho que me dizia: - vem para cá, que eu vou te ensinar a reger.” - palavras de João Carlos em uma entrevista.
Em 2004, João Carlos Martins estréia oficialmente a Orquestra Filarmônica Bachiana, na Sala São Paulo, com 41 músicos. Porém, um dos maiores artistas que o Brasil já viu, apesar de todo sofrimento, não foi esquecido. Em 6 de janeiro de 2007, com sua orquestra, é ovacionado em Nova Iorque, num Carnegie Hall com três mil pessoas, que o aplaudiam de pé por nove minutos. Como não consegue segurar a baqueta e nem virar as partituras, o maestro foi obrigado a decorar dez mil páginas de partituras. Ao final da apresentação, tocou Bach apenas com o polegar.
Foram nove minutos de tirar o fôlego.
Com apenas cinco dedos – dois polegares, dois indicadores e o anular da mão direita – e num esforço comovente, o homenageado da noite se despediu do instrumento que lhe deu notoriedade. “Foi um esforço terrível, mas ele inventou um jeito de tocar mesmo quando os dedos não articulam mais”. Dispensou a batuta. Não conseguiria segurá-la entre os dedos enrijecidos. Martins regeu com corpo e alma, na condição de aprendiz. João Carlos faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota, demonstrando ainda mais seu perfeccionismo e dedicação ao mundo da música.
A atuação de resgatar a música para as pessoas que conhecem ou ainda nunca tiveram contato com ela faz parte deste "momento mágico" em que vive o maestro João Carlos Martins. Trabalha diariamente com pessoas de todas as camadas por querer mostrar que realmente "A música venceu!".
Um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dali: _"Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita".
Em 14 de maio de 2010, após último capítulo da novelaViver a Vida é apresentado o depoimento emocionante de João Carlos Martins.
Nesse carnaval ( 2011) a escola de samba Vai-Vai do estado de São Paulo resolveu presentear o público escolhendo como enredo o grande maestro. Sua história levou todos a uma enorme emoção, o próprio maestro não se continha de felicidade e emoção, chorou e fez chorar, regeu o mundo do alto de um carro alegórico. Na terça-feira de carnaval a escola que o homenageara sagrou-se campeã eternizando o enredo "A Música Venceu".
Bjo sempre, Vivi.
Não é mais uma história desconhecida.
Todos os brasileiros acompanham o drama e o imenso amor do maestro João Carlos Martins.
Ele tem na sua vida uma verdadeira história de superação.
Em sua homenagem, transcrevo parte de sua história.
Tive o prazer de vê-lo regendo e me emocionei profundamente!
O amor dele em fazer isso, transparece no seu semblante e em cada gesto.
Ele merece todas as homenagens que possam lhe render...
Se contássemos a história de João Carlos Martins numa mesa de bar, ninguém acreditaria.
Um bebê que nasceu em 25 de junho de 1940, com cinco quilos e seiscentos gramas tinha tudo para ser grande, forte e saudável. Porém, o acaso tirou o maior conhecedor das obras de J. S. Bach, compositor clássico do século XVII, do piano.
O destino não demorou a colocar o primeiro obstáculo no caminho desse paulistano. Aos cinco anos de idade, João Carlos Martins fez uma cirurgia para retirada de um cisto no pescoço. A operação foi mal sucedida e as sequelas persistiram por longos dois anos.
Superado o primeiro problema, de uma vida que seria atribulada, João começou a ter aulas de piano ainda menino. Em apenas duas semanas, o menino já dominava a clave de sol e de fá. Foi o começo de uma carreira de sucesso que o levou aos melhores teatros do mundo.
Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach e ele venceu seu primeiro desafio de tantos outros que estavam por vir.
Aos 11 anos, já estudava piano por seis horas diárias. Sempre buscou a perfeição para se tornar um verdadeiro intérprete. Um amor tão grande pela música, uma dedicação tão intensa e meritória de admiração e respeito.
João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano, quando teve um nervo rompido e perdeu o movimento da mão direita em um acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque
Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas em 1985 descobre sofrer de LER (lesão por esforço repetitivo) e interrompeu, novamente, sua carreira por oito anos. Dessa vez acreditou que seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico.
Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas.
Utilizou-se da mão esquerda para suas peças e obteve extremo sucesso com esta atitude. No entanto, não demorou muito e Martins foi acometido por uma nova fatalidade.
Durante o festival de Berlim de 1966, o músico foi operado do apêndice. Em seguida, para completar o azar, foi diagnosticado com uma embolia pulmonar. Foram 15 dias entre a vida e a morte, e dois meses no hospital. Mas ele ainda voltou. Voltou para parar em 1970, quando as dores na mão direita não davam trégua e acabaram interrompendo a carreira do pianista mais famoso do Brasil.
Martins voltou à música em 1993 para completar a gravação da Integral de Bach. Recomeçando assim a carreira de sucesso nos Estados Unidos. Mas, por um acaso do destino, é assaltado e agredido fisicamente na Bulgária, fato que o levou a perder totalmente os movimentos da mão direita.
Persistente, ele começou a fazer consertos somente com a mão esquerda. Mas eis que veio o último golpe e um tumor benígno, na mão esquerda, o impediu totalmente de tocar.
Sem agilidade, em 1998 encerrou sua carreira em Londres, antes de passar por mais uma cirurgia na mão direita. Mas João Carlos Martins é forte e em 2000 conseguiu voltar ao piano, tocando apenas com a mão esquerda. Mas a força do pianista ainda iria ser testada mais uma vez.
Dois anos depois, ele descobre, em Paris, que sofre de uma doença chamada Contratura de Dupuytren, a mesma que acometeu Leonardo da Vinci. As duas mãos ficaram comprometidas
João perdeu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o estilo e maestria de antigamente.
Vamos ao ano de 2003, quando Martins decide estudar regência. Nesse ano ele fez outra cirurgia e ouviu dos médicos que nunca mais tocaria piano. Aos 63 anos, então, começou a estudar regência com o maestro Júlio Medaglia. Seis meses depois já estava gravando Bach com seus músicos.
“Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho que me dizia: - vem para cá, que eu vou te ensinar a reger.” - palavras de João Carlos em uma entrevista.
Em 2004, João Carlos Martins estréia oficialmente a Orquestra Filarmônica Bachiana, na Sala São Paulo, com 41 músicos. Porém, um dos maiores artistas que o Brasil já viu, apesar de todo sofrimento, não foi esquecido. Em 6 de janeiro de 2007, com sua orquestra, é ovacionado em Nova Iorque, num Carnegie Hall com três mil pessoas, que o aplaudiam de pé por nove minutos. Como não consegue segurar a baqueta e nem virar as partituras, o maestro foi obrigado a decorar dez mil páginas de partituras. Ao final da apresentação, tocou Bach apenas com o polegar.
Foram nove minutos de tirar o fôlego.
Com apenas cinco dedos – dois polegares, dois indicadores e o anular da mão direita – e num esforço comovente, o homenageado da noite se despediu do instrumento que lhe deu notoriedade. “Foi um esforço terrível, mas ele inventou um jeito de tocar mesmo quando os dedos não articulam mais”. Dispensou a batuta. Não conseguiria segurá-la entre os dedos enrijecidos. Martins regeu com corpo e alma, na condição de aprendiz. João Carlos faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota, demonstrando ainda mais seu perfeccionismo e dedicação ao mundo da música.
A atuação de resgatar a música para as pessoas que conhecem ou ainda nunca tiveram contato com ela faz parte deste "momento mágico" em que vive o maestro João Carlos Martins. Trabalha diariamente com pessoas de todas as camadas por querer mostrar que realmente "A música venceu!".
Um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dali: _"Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita".
Em 14 de maio de 2010, após último capítulo da novelaViver a Vida é apresentado o depoimento emocionante de João Carlos Martins.
Nesse carnaval ( 2011) a escola de samba Vai-Vai do estado de São Paulo resolveu presentear o público escolhendo como enredo o grande maestro. Sua história levou todos a uma enorme emoção, o próprio maestro não se continha de felicidade e emoção, chorou e fez chorar, regeu o mundo do alto de um carro alegórico. Na terça-feira de carnaval a escola que o homenageara sagrou-se campeã eternizando o enredo "A Música Venceu".
Quando estiver infeliz, lembre-se que há muitas pessoas com sofrimentos maiores que os seus e que sempre há motivos para a felicidade!
Bjo sempre, Vivi.
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